sexta-feira, 3 de abril de 2009

Horondino José da Silva.(Dino 7 Cordas)


Horondino José da Silva, conhecido como Dino 7 Cordas, (Rio de Janeiro, 5 de maio de 1918Rio de Janeiro, 27 de maio de 2006) foi um violonista brasileiro reconhecido como maior influência do violão de 7 cordas, instrumento musical no qual desenvolveu sua linguagem e técnica. Foi também um dos maiores instrumentistas de choro.
Nasceu na rua Orestes, no bairro carioca do Santo Cristo. Filho de Caetano José da Silva, fundidor do Lóide Brasileiro, e de Cacemira Augusta da Silva, conhecida pelo apelido de Filhinha. Seu registro de nascimento foi feito em agosto, motivo pelo qual em algumas obras importantes está consignada a data de 5 de agosto como sendo a de seu nascimento. Sua relação com o violão vem desde a infância. Seu pai era violonista amador, assim como outros amigos que freqüentavam a casa. Estava sempre atento ao movimento musical ao qual prestava enorme atenção. Começou a praticar inicialmente o bandolim, que abandonou pouco depois pelo violão.
Ao terminar o curso primário, empregou-se como operário em uma confecção de calçados.

"Sou um autodidata, nunca tive professor de violão".

O pai de Dino era violonista amador, e em sua casa havia também outros instrumentos musicais; um de seus irmãos tocava cavaquinho, e o outro (Jorginho) tocava pandeiro.

Por volta dos oito anos de idade, Dino começou a dedilhar o bandolim, logo trocado pelo violão do pai. Escutando o rádio, imitando, tirando de ouvido, em pouco tempo Dino passou a dominar o instrumento.
Somente na década de 1940 resolveu estudar mais formalmente, e teve aulas de teoria musical.

Depois de um início semiprofissional, acompanhando o cantor Augusto Calheiros, o Patativa do Norte, em circos e teatros, durante meados da década de 1930, Dino ingressou, em 1937, no Regional de Benedito Lacerda, que era o grupo de maior prestígio da época.
Permaneceu com o Regional até a década de 1960, quando se juntou ao Conjunto Época de Ouro, de Jacob do Bandolim. Durante esses quinze anos, participou das célebres sessões com Pixinguinha e Benedito Lacerda, gravou dezenas de discos, viu o Regional de Benedito Lacerda se transformar em Regional do Canhoto – após o afastamento de Benedito – e acompanhou todos os grandes nomes da era do rádio, como Carmen Miranda, Francisco Alves, Orlando Silva e Silvio Caldas.

A formação mais constante do Regional tinha Altamiro Carrilho (flauta), Meira e Dino (violões de seis cordas), Popeye (pandeiro), e Canhoto (cavaquinho).

Dino e Meira se tornaram uma espécie de grife no mundo do samba e do choro, sendo incontáveis as gravações das quais participaram durante três décadas, com e sem o Regional de Canhoto.

Em 1961, já com o nome artístico de Dino Sete Cordas, passou a fazer parte do Jacob e seu Regional, com Cesar Faria e Carlos Leite (violões de seis cordas), Jonas Silva (cavaquinho) e Jorginho do Pandeiro. Em 1966, Jacob considerou que a música que faziam não era mais a música dos regionais, e rebatizou o grupo como Conjunto Época de Ouro, que muitos consideram o principal conjunto de choro de todos os tempos. Com ele, Dino viveu o primeiro ápice de sua carreira, marcado pelo disco “Vibrações”, e pela apresentação do grupo gravada ao vivo no Teatro João Caetano, com Elizeth Cardoso e Zimbo Trio.

Seguiu-se um período de ostracismo, após o falecimento de Jacob, em 1969. Todos os espaços haviam sido tomados pelo rock e pela nascente MPB. "Eu passei a tocar guitarra porque já não era mais chamado para tomar parte em gravações. Aí me chamaram e eu passei a tocar com o Paulo Barcelos, que tinha um conjunto de bailes e tocávamos todo fim de semana. Eu defendia. Mas ficava muito triste e chateado, porque eu gostava do choro, que estava em baixa".

O retorno aconteceu em meados da década de 1970, com o “renascimento” do choro a partir do disco “Nervos de Aço” e do show “Sarau”, ambos de Paulinho da Viola, em 1973. Logo em seguida, faria os arranjos dos primeiros discos de Cartola, consolidando o segundo ápice de sua vida musical.

A partir daí, retomou a carreira com o Época de Ouro, que prosseguia com Déo Rian e, depois, Ronaldo do Bandolim em lugar de Jacob. Além disso, tornou-se um dos músicos de estúdio mais requisitados pelos principais cantores de samba e MPB.
No ano de 1991 gravou seu único disco como protagonista: "Raphael Rabello & Dino 7 Cordas", reunindo o mestre e seu principal discípulo em clássicos do choro.

Durante quinze anos, entre 1937 e 1952, Dino tocou o violão tradicional, de seis cordas, e foi com ele que participou das gravações históricas de Pixinguinha e Benedito Lacerda no final da década de 1940. Ou seja, antes de se dedicar inteiramente ao violão de sete cordas, Dino já era um violonista completo e conhecia os segredos do violão de seis cordas.

Mais ainda, tinha como parceiro no Regional de Benedito Lacerda o violonista Meira, com quem já formava a dupla de violões do conjunto. Na distribuição de funções entre eles, Meira cuidava principalmente da harmonização, do centro, enquanto Dino fazia as inversões de acordes e os baixos.

Para violonistas como Mauricio Carrilho, essa experiência foi importante para o desenvolvimento da linguagem do instrumento.

"A minha opinião é que ele sofreu muita influência de Pixinguinha, na época em que ele fazia duetos com Benedito Lacerda. O Pixinguinha no saxofone fazia o contraponto, mais grave, como faria mais tarde o Dino com o sete cordas." (Maurício Carrilho)

"De certa forma o Dino assumiu o papel do sax tenor do Pixinguinha." (Luiz Otávio Braga)

“Tudo o que ele [Pixinguinha] fazia, eu fazia”. (Dino)

O violão de sete cordas era usado no choro desde o início do século XX. Os dois executantes mais conhecidos eram China (que morreu cedo), irmão de Pixinguinha, e Tute, que tocou em diversos conjuntos liderados por Pixinguinha, como Os Oito Batutas, Grupo da Guarda Velha e Orquestra Victor.

Tute era a maior admiração de Dino: "Eu achava lindo o Tute tocando aquele violão, mas não queria que ele pensasse que eu o estava imitando, então só comecei a tocar sete cordas depois que ele morreu. [...] Eu gostava do som do Seu Tute [...] e passei para o sete cordas.”

Pixinguinha deixou o Regional de Benedito Lacerda e, pouco depois, o próprio Benedito se afastou, sendo substituído por Altamiro Carrilho. Tute havia morrido. E Dino resolveu, enfim, adotar o violão de sete cordas, para reeditar os contrapontos de Pixinguinha e suprir a falta dos graves no então denominado Regional do Canhoto.

Entretanto, só depois de nove meses tocando o novo instrumento com o Regional é que Dino se arriscou a utilizá-lo numa gravação.

A partir daí, a partir de um amálgama das influências de Tute, dos diálogos com Meira, da experiência com os contrapontos de Pixinguinha e Benedito Lacerda, Dino desenvolveu a sua linguagem própria, que veio a se transformar na própria linguagem do violão de sete cordas moderno.

"Dino deu a maior contribuição no violão de sete cordas. Ele estabeleceu definitivamente o papel dos dois violões na formação regional. Dino começou a tocar o sete cordas na década de 1950, e acho que ele foi desenvolvendo essa linguagem, e nos anos 60 estava na auge. Tem uma gravação que eu particularmente considero um divisor de águas. É um disco de 1964, de Altamiro Carrilho, chamado ‘Choros Imortais’. No repertório tem muitas músicas de Pixinguinha, sem o Pixinguinha tocando, e o Dino faz o contraponto, de uma maneira que eu considero um marco. Nessa época, ele já usava a sétima corda de uma forma mais doce, mais macia, menos metálica." (Maurício Carrilho)

Uma das técnicas criadas por Dino Sete Cordas é conhecida como violão tamborim – “essa batida caracteriza-se pela execução em pizzicato, enfatizando a sonoridade percussiva do instrumento. [...]

“Na introdução de ‘Corra e olhe o céu’, no quinto compasso, Dino começa a apresentar a técnica do ‘violão tamborim’, que usará em toda a música, em que os dedos indicador e médio desenvolvem uma rítmica bastante articulada e sincopada, e o polegar divide sua função entre marcar tempo em semínimas e sincopar – muitas vezes, em seqüências de colcheias pontuadas.” (Márcia Taborda)
Dino dominou de tal forma a “baixaria” do choro e do samba que raramente se limitava a tocar o que havia ensaiado; seu violão é marcado pelo improviso, pelo risco, pela experimentação de motivos, ritmos e contrapontos, porém sem qualquer exagero – o violão de Dino borda a melodia do solista ou do cantor, sem jamais atravessar o seu caminho.

Como compositor, Dino usava seu nome verdadeiro, Horondino Silva. Teve poucas composições gravadas.

Entre as que tiveram gravações instrumentais, a mais conhecida é “Aperto de mão”, escrita com seu maior parceiro musical, Meira, e letra de Augusto Mesquita. Foi gravada instrumentalmente, entre outros, por Canhoto e seu Regional e Marcel Powell.

Além dela, outros exemplos são:
“Bem dançante” (em parceria com Orlando Silveira), gravada por Canhoto e seu Regional
“Gingando” (em parceria com Canhoto), gravada por Canhoto e seu Regional
“Inês” (em parceria com seu filho Dininho), gravada por Avena de Castro
“Ivone” (em parceria com Altamiro Carrilho), gravada por Canhoto e seu Regional
“Minha crença” (em parceria com Del Loro), gravada pelo Conjunto Época de Ouro
“Roda de Bamba” (em parceria com Canhoto), gravada por Canhoto e seu Regional
“Se você visse” (em parceria com Del Loro), gravada por Canhoto e seu Regional
Todas as suas composições são choros e canções típicos e tradicionais, praticamente desconhecidas, que só esporadicamente aparecem no repertório dos chorões.

“O Cartola tocava violão – mal, mas tocava – e eu ia escrevendo. Aí, comecei a fazer os arranjos. Trocava acordes, fazia diferente do que ele fazia. Fazia os baixos ... Eu harmonizei tudo, e passaram a dizer que era arranjo meu”.

Dino foi o responsável pelos arranjos dos dois primeiros discos de Cartola lançados pela gravadora Marcus Pereira em 1974 e 1976.
Também são de Dino, em parceria com Raphael Rabello, os arranjos do disco que os dois gravaram juntos, e em numerosos outros discos de samba e choro do qual participou, e pelos quais não recebeu crédito de arranjador.

Em seus últimos anos de vida dava aulas de violão.
Morreu de pneumonia em 27 de maio de 2006 no Hospital do Andaraí. O corpo foi velado e sepultado no cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.

Discografia

"Se eu tivesse todos os discos em que gravei, eles não caberiam nesta casa".

Apesar disso, o fato é que em toda a sua carreira Dino só teve seu nome estampado no título de um único disco: “Raphael Rabello & Dino 7 Cordas”, da gravadora Caju Music, no ano de 1991. Como solista, não gravou um disco sequer.

No entanto: “Quando as pessoas perguntam pra mim como devem estudar violão de sete cordas, eu respondo que devem ouvir “Vibrações”, “Choros Imortais I e II” e os dois discos do Cartola da Marcus Pereira. Está tudo ali." (Paulão Sete Cordas)

Esta é uma espécie de antologia de Dino Sete Cordas:
“Choros Imortais (Copacabana, LP/1964), de Altamiro Carrilho, com acompanhamento de Canhoto e seu Regional
"Choros Imortais no. 2" (Copacabana, LP/1965), de Altamiro Carrilho, com acompanhamento de Canhoto e seu Regional
“Vibrações” (RCA Victor, LP/1967), de Jacob do Bandolim e Conjunto Época de Ouro
"Cartola" (Marcus Pereira, LP/1974)
"Cartola" (Marcus Pereira, LP/1976)

“Violões do Brasil”: organização, Myriam Taubkin; textos, Maria Luiza Kfouri. 2ª edição: Editora SENAC, São Paulo, Edições SESCSP, 2007

Fonte: [Wikipédia][http://musicosdobrasil.com.br/dino-sete-cordas]
Edição: [Ygor Furtado]


Dino 7 Cordas (Horondino da Silva) + Déo Rian + Paulinho da Viola + César Faria & outros imortais.



Homenagem a Nelson Cavaquinho, samba de Zé Keti, com Dino 7 Cordas.



HOMENAGEM AO DINO 7 CORDAS.

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